segunda-feira, 21 de setembro de 2009

"O amor nos tempos do cólera" - Gabriel García Marquez

Ambienatado no Caribe, século XIX, o livro pode ser considerado um tratado sobre a velhice ou sobre um amor que dorou mais de meio século (mais exatamente 51 anos, 9 meses e 4 dias mais exatamente). Época em que o cólera era uma ameaça invisível, desconhecida, tal uma peste endêmica. Mas no livro os efeitos do cólera são confundidos com os sofrimentos de amor também, quando o sofrer não é apenas mental, mas físico também.
Florentino Ariza conhece Fermina Daza quando tem ainda seus 19 anos e ela 15, um amor que durou 3 anos de correspondências cheias de juras de amor e se encontraram apenas na entrega da primeira carta, na cobrança da resposta a essa carta e quando ela voltou da viagem que o pai a fez pazer para que se afasstasse de Florentino Ariza. Ele, empregado dos correios, sem atrativos financeiros ou físicos, jurou seu amor eterno, mesmo depois que ela, num encontro após sua volta, percebe que estivera enganada, que aquele homem que via, depois de tantas correspondências, nada tinha do que imaginava e nem supunha como poderia ter arranjado tal amor.
Florentino aquiesceu sua decisão, mas não abriu mão de seu amor, jurando eterno.
Fermina Daza casa-se com Doutor Jvenal Urbino e Florentino Daza, homem de linhagem e fortuna, para desespero de FLorentino Ariza, que toma a decisão de aguardar a morte de Doutor Juvenal Urbino com paciência, entregando-se a amores ocasionais para aplacar o sentimento que leva consigo e o persegue por mais de 50 anos, até o dia que o rival morre e ele reafirma seu amor a Fermina Daza na primeira noite de sua viuvez.
Quando falamos sobre um tratado sobre a velhice, referimo-nos que tratada do envelhecer, desde seu início, quando o fotógrafo Jeremiah de Saint-Amour comete suicídio, determinado a não chegar à velhice, já com seus 60 anos, num dia de Pentecostes, mesmo dia em que Doutor Juvenal Urbino morre, caindo de uma escada; ou ainda quando são jovens, vislumbre de um envelhecimento que imaginamos nunca acontecer com si próprio, mas com os outros. Essas percepções estão descritos em 53 anos de relato de cada personagem principal, os sentimentos, as mudanças de corpo e mente, as descobertas senis de casamentos longos e sem amor, o "cheiro de velhice", como ele o diz.
Fermina Daza, com 72 anos e Florentino Ariza com 76 se reencontram... mas para saber se continuam a paixão alimentada por Florentino Daza desde a juventude, fica nas mão dos leitores descobrirem. E vale a pena essa descoberta.
Excelente dica de leitura, livro que não poderia faltar a nenhum apaixonado pela literatura deixar de ler.

Passagens:

"...tomava algumas cooisas a cada hora, sempre às escondidas, porque em sua longa vida de médico e mestre foi sempre contrário a receitar paleativos para a velhice: achava mais fácil suportar as dores alheias que as próprias"

"Coisa bem diferente teria sido a vida para ambos se tivessem sabido a tempo que era mais fácil contornar grandes catástrofes matrimoniais do que as misérias minúsculas de cada dia. Mas se alguma coisa haviam aprendido juntos era que sabedoria nos chega quando já não nos serve para nada"

2 comentários:

AUGUSTO TAVARES disse...

Muito interessante... Você poderia comentar O livro Confissão de Lúcio, do genial escritor Mário de Sá Carneiro? Se puder, prometo que volto aqui outras vezes e trarei outros pedidos.É que eu sou um leitor quase compulsivo.
Agradeço antecipadamente.

Littera disse...

Colocaremos o exemplar em nossa leitura. Agradecemos tua presença e a indicação.
Abraço