sábado, 5 de dezembro de 2009

"Caim" - José Saramago

Baseado em passagens do Antigo Testamento, Saramago reescreve a criação de Adão e Eva e crescimento de seus filhos, mais especificamente, Caim, personagem que, indo para o passado e futuro, parodia passagens bíblicas num estilo próprio do autor: toques ilusórios, humor sarcástico e contundente em relação à crença e à Igreja.
Relatos como a destruição de Sodoma e Gomorra, a provação de Abraão em dar seu filho Isaac como sacrifício, a queda dos muros de Jericó, entre outras, onde colhe as guerras, as mortes, incesto, vilania... Caim é levado a questionar o próprio crime (assassinou seu irmão por achar que este seria preferido do senhor), em face às violências que presenciou em suas andanças, castigo imposto pelo próprio senhor.
Em seu crime, Deus, o senhor, é dado como co-autor de sua desgraça, quando poderia ter evitado, tirando da cena do crime a arma que o fez matar o irmão Abel.
Caim revela, no decorrer do livro, um lado humano, bom caráter, o que o leva a analisar os atos do Criador, interpondo-se, ao final, nos planos da criação de uma no
va humanidade, tendo sido Noé o escolhido para recolher espécies de todos os seres para esse intento.
Também narra a figura do diabo, quando retrata a figura de e suas tentações por satã para provar sua devoção ao senhor.
Como Saramago é um escritor a quem ama-se ou odeia-se, não é um livro para ler quem não admira seu estilo, pois cairá nas teias do emaranhado de posições polêmicas que o escritor adota.
Porém, como somos inconfessáveis admiradoras do escritor português, indicamos a leitura, sendo este um bom livro, não excelente, apenas bom.

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