Aos 20 anos de idade, a mais nova das filhas de um pastor resolve aceitar um emprego como preceptora dessas crianças, Flora e Miles, em substituição à antiga preceptora que falecera de forma misteriosa, a Srta. Jessel.
Estranhos acontecimentos tomam conta da rotina de trabalho, como aparições da empregada antiga que a protagonista substituía, e de Quint, um antigo funcionário e suposto namorado da Srta. Jessel, também morto. Começamos, então, a perceber a influência que tais personagens sobre as crianças. Isso leva a nova preceptora a investigar o que está acontecendo, com o auxílio de Mrs. Grose, que cuidava dos afazeres domésticos.
O interesse pelos fatos transformam-se em obsessão, confundindo, no decorrer da leitura, o real e o imaginário, com reflexo na forma como a preceptora vê as crianças e em seu próprio comportamento.
Trata-se de uma narrativa que se chama de "fantástica", ou seja, permeada por fantasmas. Mas, às vezes, temos a impressão de que a protagonista está mesmo é sofrendo de uma doença mental. Isso torna a narativa muito rica e instigante. Na dimensão que parece fantasmagórica, percebe-se um tom de sobrenatural, mas é um sobrenatural discreto, sutil. Não é uma história de terror, como são geralmente as histórias do sobrenatural.
As personagens são, na verdade, ambivalentes e com muitas contradições, refletindo o gênero humano de forma muito criativa.
Um livro que nos prende do início ao fim e, ao final... bem, aí vocês aproveitem, leiam e encontrem o final dessa trama.
Boa leitura!
Um trecho do livro para estimular a leitura:
Um dos pensamentos que me acompanhavam [...] era que seria encantador como um conto encantador se eu me encontrasse subitamente com alguém. Alguém apareceria, de repente, na volta do caminho e ficaria parado a fitar-me, sorrindo, com ar de aprovação. Não pedia mais do que isso: pedia apenas que ele soubesse, e a única maneira de estar certa de que ele o sabia teria sido lê-lo na bondosa expressão de seu belo rosto. Isso estava claramente presente em minha imaginação – isto é, o rosto – quando, na primeira dessas ocasiões, no fim de um longo dia de junho, detive-me subitamente, ao sair de trás de uns arbustos e deparar com a casa à minha frente. O que me pregou no chão – chocando-me muito mais do que qualquer outra visão o poderia ter feito – foi a sensação de que a minha fantasia, num abrir e fechar de olhos, tornara-se real. Lá estava ele!... mas muito no alto, além do relvado, no próprio topo da torre [...].
Um comentário:
O livro é incrível e, para mim, está claro que foi a inspiração para "A menina que não sabia ler". O filme também é ótimo e um dos raros casos em que a adaptação supera a obra original (para quem está curioso: http://portugues.free-ebooks.net/ebook/A-Outra-Volta-Do-Parafuso).
bom trabalho com a resenha! (:
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