segunda-feira, 23 de março de 2009

"Caravana de destinos" - John Steinbeck

Livro que depois foi publicado com o título "A rua das ilusões perdidas", Steinbeck retrata Cannery Row, uma cidade na Califórnia, ambiente inserido na década de 30, logo após a primeira Grande Guerra, onde não se tem um personagem principal, mas todos são igualmente participantes, no inconfundível estilo "steinbeckiano", onde a bondade, a solidariedade, ingenuidade, mansidão do ser humano são explorados.
No livro encontramos Mack e seus companheiros de desventuras, que levam a vida de pequenos furtos, trabalhos esporádicos, mas que fazem o bem, até os roubos são justificados e bem aceitos; Dora e suas "meninas", cumprindo seus papéis de meretrizes, mas que são capazes de ajudar e sabem ser aceitas na cidade; Lee Chong, o dono da loja da cidade, que até a ambição que possui é velada pela bondade e ajuda ao próximo; Doc, o cientista que coleta animais para abastecer os laboratórios das outras cidades, admirado e querido por todos, capaz de conter a ira, vendo a intenção pelo que provocou tal sentimento; Os Malloy, a cadela Darling...
Enfim, personagens que se entrelaçam e cumprem seu papel de viver pelo bem, sem maldade, nascidos de suas histórias trágicas e solitárias, mas que não deixaram a docilidade do viver bem e fazer o bem.
Para os admiradores de Steinbeck (como nós), um livro que não pode deixar de ser lido.

Passagens:
... enquanto a maioria dos homens busca de pleno contentamento acaba destruindo a si mesmos e ficam além do objetivos, Mack e seus amigos procuravam contentamento quase construindo a si mesmos e ficando muito além do objetivo...

[O bordel] solene de Dora Flood [é] uma casa de prazeres decente, limpa, honesta, antiquada, (...) um clube virtuoso e inflexível, (...) tornou-se odiada pela irmandade distorcida e lasciva de puritanas casadas, cujos maridos respeitam o lar, mas não o apreciam muito.

Todos conheciam Doc e lhe deviam de uma forma ou de outra. E não havia quem não pensasse nele sem murmurar em seguida: "preciso fazer alguma coisa por Doc..."

É muito fácil dizer "o tempo tudo cura, isso também vai passar, as pessoas esquecerão" e outras coisas no gênero, quando não se está diretamente envolvido. Mas quando se está, o tempo parece que não passa, as pessoas não esquecem e se fica no meio de uma situação inalterável.

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