sábado, 21 de junho de 2008

"Por um fio" - Dráuzio Varela


Livro escrito com esmero, cuidado, trata do histórico verídico do autor, médico oncologista, o trato com os pacientes terminais, a visão desses e, principalmente, relata a sensibilidade de um profissional que enxerga o paciente como humano, descrevendo suas histórias, emoções, angústias, além da da própria doença.
Seria um exemplar para se indicar a alguém condenado à morte por um mal sem cura? Não. É um livro que fala da vida e das tantas faces que ela se mostra, com tantos acontecimentos, tantas histórias, cada universo único que é o humano e a luta por um fio de vida, ou pelo rompimento do fio de vida que atormenta.
O que mais me chamou a atenção foi o fato de, apesar de tratar de um tema tão delicado, como a morte, não recorre ou justifica os males como vontade Divina. É um livro real.

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domingo, 15 de junho de 2008

"O sol também se levanta", de Ernest Hemingway

A história é um recorte na vida de um grupo de amigos boêmios, americanos e ingleses, na Paris nos anos 20. Com narrativa em primeira pessoa, o jornalista, Jacob Barnes, o protagonista, conta suas aventuras boêmias com dois amigos escritores, a bela e futil Lady Brett Ashley e seu noivo. Em busca de emoções fortes, saem de Paris e vão para Pamplona, na Espanha, onde assistem à fiesta de San Firmín, espetáculo com touradas. Estas são descritas como espetáculos mágicos, considerados pelo autor como maravilhosos e apaixonantes, apesar da crueldade envolvida. No meio, desenrola-se uma frustrada história de amor entre Jacob e Brett; eles se conheceram durante a guerra, quando Jacob sofreu uma mutilação, tornando-se impotente. Ela trata os homens como simples objeto e envolve-se com vários deles, apesar de ser comprometida. Não há maior profundidade nos personagens; eles são irônicos e parecem vivenciar uma espécie de vazio existencial, talvez o mesmo em que viveu o próprio Hemingway, durante a chamada "geração perdida".

sábado, 14 de junho de 2008

Sartre: Ler é se comprometer

Para o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre, "toda arte do autor consiste em me obrigar a criar aquilo que ele desvenda, portanto em me comprometer". Para Sartre, a obra literária só vai encontrar uma efetivação no ato da leitura praticada por outra pessoa. Diz ele que todas as obras do espírito contêm em si a imagem do leitor para o qual a obra é destinada. Portanto, nessa perspectiva, a leitura é uma reescritura. Por esse motivo, Sartre fala que ler é se comprometer.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

"A casa do poeta trágico" - Carlos Heitor Cony

Depois de três anos de separação, Augusto recebe a visita da ex-mulher, Mona, na casa q foi construída para eles, em Itaipava.
O encontro traz recordações da vida em comum, a trajetória desde o encontro, quando Augusto, em um cruzeiro pelo Mediterrâneo, observa Mona, uma jovem de 16 anos, ausente da realidade, enigmática, até essa observação tornar-se obsessão e persegue a adolescente até Nápoles, onde ela residia.
Mona recorda sua ânsia de sair da casa dos tios, a aparição de Augusto e seu pedido a ele que lhe conte "a história do mundo".
O livro denota os níveis por que passam um relacionamento a dois, as mudanças de comportamento e sentimentos, a diferença de idade entre os amantes (trinta anos). Também leva a pensar que o crescimento individual é moldado pelo convívio, da troca recíproca de experiências.
O título faz alusão a uma ruína na cidade de Pompéia, Itália, onde consta a inscrição "cave canem", cuidado com o cão, que acaba sendo uma alusão ao protagonista e seu cão Segredo, em sua casa de Itaipava.

"Ao fazer, tudo se reduz ao sim ou não, ao ficar ou partir."

"O homem - qualquer homem - é uma casa habitada por um poeta que, sabendo ou não sabendo, tem um sentido trágico"

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