sábado, 31 de janeiro de 2009

Lispectoriando...


"Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada."

"E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço."

"Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo."

"Eu sou mais forte do que eu."

"Divertir os outros, um dos modos mais emocionantes de existir."

"Senti que podia. Fora feita para libertar. Libertar era uma palavra imensa, cheia de mistérios e dores."

"Saudade é um dos sentimentos mais urgentes que existem."

"Sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro. Sou um coração batendo no mundo."

"A gente escreve como quem ama."

"Gosto dos venenos os mais lentos!
As bebidas as mais fortes!
Dos cafes mais amargos!
E os delirios mais loucos.
Voce pode ate me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
E daí
eu adoro voar!!!"

"Saudade é um pouco como fome.
Só passa quando se come a presença.
Mas às vezes a saudade é tão profunda
que a presença é pouco:
quer-se absorver a outra pessoa toda.
Essa vontade de um ser o outro
para uma unificação inteira é
um dos sentimentos mais urgentes que
se tem na vida.
"

(Clarice Lispector)

sábado, 17 de janeiro de 2009

A literatura antecipa a vida...

"A literatura antecipa sempre a vida. Não a copia, amolda-a aos seus desígnios."

(Oscar Wilde)

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Publicação do livro de Semiologia Médica "Exame Clínico do Adulto"

Com muito prazer, informamos que está sendo publicado em breve nosso livro de Semiologia Médica "Exame Clínico do Adulto" (Rilva Sousa-Muñoz et al.), pela Editora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Este livro é resultado de um projeto didático-pedagógico inserido no programa acadêmico de Monitoria da Pró-Reitoria de Graduação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e que teve como objetivo a padronização do ensino do exame clínico na disciplina de Semiologia Médica. Foram convidados todos os professores da disciplina de Semiologia Médica que, de acordo com suas possibilidades e disponibilidades, dispuseram-se a emprestar sua contribuição.

O livro ocupa-se da apresentação do conjunto de técnicas de observação clínica imprescindível na formação dos estudantes de medicina, em consonância com as metas de um treinamento voltado para a prática, visando ao desenvolvimento das habilidades psicomotoras e cognitivas requeridas para a formação do clínico generalista.

Trata-se de um livro técnico voltado sobretudo para o âmbito da graduação, para o aluno de Medicina, o monitor de Semiologia Médica e de outras disciplinas clínicas, assim como para o aluno do internato médico. Nesse contexto, o principal objetivo é no sentido de construir e aperfeiçoar o conhecimento semiológico para o desenvolvimento cognitivo e psicomotor do aluno no decorrer do curso, e a sua futura prática como médico generalista, em consonância com o Projeto Político-Pedagógico do Curso de Graduação em Medicina. Como público-alvo secundário, pretende-se que este trabalho proporcione também reciclagem de informações semiológicas para profissionais médicos recém-formados e médicos residentes de clínica médica. Por outro lado, esse livro também se destina a professores que pretendem lecionar na disciplina Semiologia Médica do Adulto.

Vale destacar que não existem órgãos formadores para docentes de Semiologia Médica e a literatura pertinente não é homogênea nos conceitos relacionados a essa disciplina fundamental, dificultando a uniformidade do processo ensino-apredizagem em uma área extremamente importante do curso de graduação médica. Portanto, produziu-se um texto instrucional que os estudantes de Medicina utilizarão não somente durante o aprendizado inicial do exame clínico, mas que poderão consultar no decorrer de todo o curso médico e na sua pós-graduação ou residência médica.

Na produção desse livro, está implícita a idéia de que a tarefa didática, principalmente quando o principal objetivo é a formação adequada dos profissionais, e não apenas a educação de cientistas e pesquisadores, exige todo um trabalho de preparação e organização dos textos instrucionais, e tal tarefa deve ser feita predominantemente pelos próprios professores da disciplina em questão.

Percebe-se, de há muito tempo, na disciplina de Semiologia, a necessidade de uma padronização do ensino das técnicas semiológicas, para superar as diferenças verificadas até então, facilitar e estimular a aquisição das competências técnicas específicas necessárias ao aluno de medicina na sua iniciação ao aprendizado do exame clínico. Nesse contexto clínico, os livros didáticos podem proporcionar uma orientação fundamental para a aprendizagem prática. Por isso, salienta-se a conveniência e o proveito de se dispor de um livro feito sob medida, como este manual, além do fato de ser um trabalho conciso, considerando a extensão da matéria tratada e da orientação dirigida especificamente para estudantes de medicina e médicos residentes.

Além disso, a existência de um material didático adequado tornam desnecessárias as anotações em classe, que tanto distraem o aluno e, assim, tornam-se obsoletas também as aulas magistrais, propiciando a prática de aulas mais dialógicas. A adoção atual de um novo modelo de ensino advindo na prática pela introdução do novo currículo no curso de medicina possibilita que a obra seja adotada como texto de referência na disciplina de Semiologia.

Por outro lado, consideramos que são profusos os sinais e técnicas de exame clínico descritos nos livros-texto de Semiologia Médica, tanto antigos e não re-editados, quanto nos mais recentemente publicados. Tais livros de iniciação ao exame clínico pecam, muitas vezes, por repetir conceitos que talvez não sejam fidedignos ou válidos na realidade clínica.

Considerando a maior parte dos livros de Semiologia Médica disponíveis, alguns muito bons, porém um pouco difíceis em seu manuseio pelos alunos, “Exame Clínico do Adulto” pretende ser uma proposta simples e prática, no intuito de estabelecer uma padronização metodológica de qualidade.

Queremos - à parte a tautologia - salientar a importância da disciplina de Semiologia Médica no âmbito acadêmico. A Disciplina de Semiologia Médica (Departamento de Medicina Interna, Centro de Ciências Médicas, UFPB) compreende o aprendizado inicial do exame clínico no curso de Medicina. A disciplina é ministrada em um momento ímpar da formação médica, com reflexos sobre todo o restante da graduação e vida profissional. Representando uma prática pedagógica voltada para a construção de uma teoria/prática fundamental na preparação dos futuros médicos no cuidado ao paciente, a importância da Semiologia na formação do médico também é ressaltada nas novas diretrizes curriculares do curso de graduação em Medicina, na sua referência ao aprendizado basilar de técnicas de anamnese e exame físico.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

"O Amanuense Belmiro", de Cyro dos Anjos


O "Amanuense Belmiro", de Cyro dos Anjos, é um romance escrito em primeira pessoa, estruturado como um diário. É do tipo reflexivo, auto-consciente, revelando a introversão de um homem. Trata-se da história de um homem tolhido pelo excesso de vida interior numa profissão burocrática. Belmiro Borba, personagem central, chegou aos 40 anos sentindo que nada fez de apreciável até aquele momento. Relembra sua infância e adolescência, buscando encontrar-se. Vive um cotidiano vazio e sem sentido para ele e escreve em um diário seus sentimentos, em busca de uma ponte entre a realidade e o sonho. Belmiro é um homem tímido e sonhador, ao mesmo tempo dotado de grande capacidade de observar a si e aos outros. Ele apaixona-se por Jandira, mas guarda para si o segredo por medo de confessar seus sentimentos. Assim, a sua acomodação com a vida faz dele um mero observador. Parece que a sua vida só passa a fazer sentido quando ele começa a escrever seu diário.

"No momento preciso em que certos quadros se desdobram aos nossos olhos, quase sempre não lhe percebemos a intensidade lírica, nem lhe apreendemos a intensidade rica de poesia. Nosso olhar circula vago e às vezes quase indiferente. Mais tarde é que, através da memória vamos com os olhos da alma penetrar no âmago daquelas paisagens extraordinárias. Quanto o incosnciente é fino, sutil, receptivo, nos seus trabalhos subterrâneos!"

"Já não tenho com quem conversar, e isso é grave para uma pessoa que foge de conversar consigo mesma"

"Na verdade, no centro do nosso espírito, as recordações se transformam em romance, e os fatos, logo consumados, ganham outro contorno, são acrescidos de mil acessórios que lhes atribuímos, passam a desenrolar-se num plano especial, sempre que os evocamos, tornando-se, enfim, romance, cada vez mais romance. Romance trágico, bufo, ou sem nenhum sentido, conforme cada um de nós, monstros imaginativos, é trágico, é cômico ou absurdo."