sábado, 26 de abril de 2008

"Irmãos Karamazov" - Fiodor Dostoyevski


Três irmãos, Aliéksiei, Ivan e Dimitri e o pai viúvo, cada um com traços bem definidos de personalidade - marca do autor em suas obras - são os personagens do livro. O principal do narrador, Aliocha, está para ingressar no monastério, reencontra os irmãos e decide dedicar-se mais ao pai e a eles. Presença da discussão religiosa, niilismo, episódio de parricídio.
Uma das passagem favorita minha é a alucinação de Ivan, que conversa com um ser imaginário. O diálogo que se desenrola entre ambos.
Alguns podem até considerar o romance tedioso, longo demais. Mas me foi tão empolgante, tão minuncioso na construção psicológica dos personagens, tão denso, questionador, que eu, particularmente, não o enquadraria nesses termos.

Passagens do livro:
"O homem procura o milagre, não Deus. E não sabe ficar sem ele, forja novos. Ainda que seja um herege, buscará feiticeiros, mágicos. Os homens submetem-se ao mistério. Assim, corrigimos tua obra buscando-a no milagre, no mistério e na autoridade"

"O mundo proclamou a liberdade(...) e o que representa ela? Nada mais senão a escravidão e o suicídio"

"Adeptos da ciência querem organizar-se pela razão apenas, mas sem o Cristo, como outrora; já proclamaram que não há crime nem pecado.(...) Sem Deus, onde está o crime?"

"Que é o inferno? É o sofrimento por não poder mais amar"

"-...Não acreditas em Deus? [pergunta Aliocha]
- Pelo contrário, nada tenho contra Deus. Decerto, Deus não é senão uma hipótese... mas... reconheço que ele é necessário à ordem. (...) E se ele não existisse, seria preciso inventá-lo"
[grifo nosso]

"Pode-se inventar a humanidade sem crer em Deus. (...) Voltaire não acreditava em Deus mas amava a humanidade. (...) Não sou contra Cristo. Era uma personalidade completamente humana, se tivesse vivido em nossa época, ter-se-ia juntado aos revolucionários"

"[As pessoas] sofrem e, em compensação, vivem uma vida real. Sem sofrimento, que prazer ofereceria ela?"[grifo nosso]

"Uma vez que a humanidade inteira professe o ateísmo (e creio que essa época, à maneira das épocas geológicas, chegará a seu tempo), então, por si mesma, sem antropofagia, a antiga concepção do mundo desaparecerá, e sobretudo a antiga moral. Os homens se unirão para retirar da vida todos os gozos possíveis, mas neste mundo somente. (...) Será possível que essa época chegue? Se não, é permitido a todo indivíduo que tenha consciência da verdade regularizar sua vida como bem entender, de acordo com os novos princípios. Neste sentido, tudo lhe é permitido"

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