É uma narrativa feita em primeira pessoa, na forma de um diário. Belmiro Borba, o narrador, conta sobre seus sonhos frustrados, seu cotidiano e seus amores platônicos. Belmiro é um burocrata solteiro de quarenta anos, que mora em Belo Horizonte, e sente grande monotonia na sua vida pessoal. O enredo passa-se na década de 1930. Como funcionário público (chamado também de amanuense), ele mostra sua profissão mergulhada no cotidiano. A função pública quase nada exige de Belmiro. Assim, pode dedicar-se aos amigos, às irmãs mais velhas que vivem com ele, e, principalmente, à sua própria introspecção. De linhagem psicológica, este livro revela um personagem observador perspicaz e contido, mostra uma fina ironia, e um pessimismo amargo. Belmiro parece sentir uma paralisia frente à vida. Cultiva ardente paixão platônica por uma jovem que o abraçara rapidamente em um baile de carnaval e depois desaparecera, e faz dela um mito. Mais tarde, reconhece a moça em Carmélia e nutre por ela um amor idealizado. Belmiro invoca então o “mito de Arabela”, donzela de suas leituras infantis, que vivia em uma torre de castelo. Esta imagem de uma inatingível figura feminina, vinda da infância, e da qual ele jamais se livrou, o que parece ligado à sa incapacidade de relacionamento com as mulheres. A paixão e a inércia (que impede Belmiro de realizar seus sonhos, ou pelo menos de dar mais colorido à sua existência), talvez estejam ligadas ao contraste entre o que se tem em mente e o que existe no mundo real. Gostei muito desse livro. Depois procurei outros livros de Cyro dos Anjos para ler, como "Abdias", onde se veem os mesmos traços na forma de escrever, a ironia fina, a inteligência, e muita subjetividade. Um mergulho na interioridade.
FISIOPATOLOGIA: A CIÊNCIA POR TRÁS DA SEMIOLOGIA MÉDICA
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Há 18 horas
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