quinta-feira, 24 de abril de 2008

"Servidão Humana", de Somerset Maugham


O autor relata com caráter semi-autobiográfico, a vida de Philip Carey, jovem sensível que nasce deficiente (pé torto congênito), fica órfão cedo e é criado pelo tio, que é vigário. Philip cresce influenciado pelas regras e dogmas da religião, mas se sente dividido entre esta e o que os livros e os estudos lhe fazem conhecer; é muito estudioso e ansia por conhecimento. Sua infância também é marcada por sua frágil condição física, que se torna motivo de profunda vergonha. Philip abandona, aos poucos, sua fé; tenta a carreira de contador em Londres; experimenta a vida de pintor em Paris; decide, então estudar medicina. Philip sobressai-se bastante como estudante de medicina, quando conhece a garçonete Mildred Rogers, uma mulher ambiciosa, egoísta e bastante frívola. Ele dispende seus poucos recursos com ela, mesmo sabendo que ela mantém casos paralelos. Vivem uma vida em comum, mas são completamente diferentes. Embora não tenham nada em comum, ele passa por um processo doentio de completa submissão obsessiva em relação a Mildred, que apenas o usa. Nem mesmo os conhecimentos filosóficos que adquiriu são capazes de fazê-lo livrar-se dessa obsessão. Ainda assim consegue desenvolver-se no curso de Medicina, mas anula-se quase completamente por causa dessa dependência afetiva neurótica. Aprofunda-se mais ainda na filosofia, em virtude do sofrimento pelo qual passa. Chegamos a sentir certa repulsa pelas situações descritas de completa anulação pessoal do protagonista, mas é nessa relação - em que obsessão e o desejo de liberdade se confrontam - que percebemos a força dessa obra.

Um comentário:

Unknown disse...

Na verdade não é nenhum comentário, mas um elogio a iniciativa deste blog.
Fico feliz em saber que alguém importa-se com o linguagem das letras e empenha-se para divulgar a leitura, simplesmente..!
Iluminadas vocês, pois deliciam-se com a constelação de autores neste infinito universo da literatura..!
Privilegiados que somos por vocês existirem.
"O LIVRO É UM AMIGO QUE NOS FALA EM SILÊNCIO.."